Em 22 de outubro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferiu relevante decisão no bojo do Recurso Especial nº 1.652.347/SC, definindo parâmetros para a análise da terceirização de serviços e a identificação de vínculo empregatício.

Na referida decisão, o STJ considerou o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade da terceirização, exposta na ADPF 324 e no RE 958.252, que declarou lícita a terceirização da atividade-fim.

Contudo, o STJ ressaltou que essa permissão dada pelo STF não é ilimitada, especialmente quando há indícios de fraude ou tentativa de ocultar um vínculo empregatício por meio da terceirização. No caso em questão, o STJ constatou que havia um vínculo direto entre o tomador de serviços e os trabalhadores, contratados formalmente por empresas terceirizadas que atuavam apenas como “empresas de fachada”.

Essa decisão estabelece critérios importantes para que empresas analisem os riscos associados à terceirização, incluindo os efeitos fiscais e trabalhistas.

Critérios para Descaracterização da Terceirização

O caso analisado envolvia uma empresa do setor têxtil autuada pela Receita Federal por não recolher contribuições previdenciárias para trabalhadores que operavam em sua linha de produção. A empresa argumentou que havia contratado empresas terceirizadas para fornecimento de mão de obra, mas a Receita considerou tais pessoas jurídicas como “empresas de fachada” usadas para ocultar vínculos empregatícios e reduzir a carga tributária.

No julgamento, o STJ considerou que a terceirização promovida configurava uma simulação com o objetivo de sonegar impostos, reconhecendo o vínculo empregatício entre o tomador e os trabalhadores.

Um ponto curioso é que, apesar da limitação imposta pela Súmula 7, que impede o reexame de fatos em recursos destinados a Tribunais Superiores, o STJ avaliou os aspectos fáticos do caso, estabelecendo diretrizes que podem auxiliar outras empresas a evitar problemas semelhantes.

Parâmetros de Risco na Terceirização

O STJ apontou várias condições que caracterizam a relação de emprego disfarçada, e que devem ser observadas pelas empresas que recorrem à terceirização:

Análise de Riscos e Recomendações para Empresas

Com essa decisão, o STJ fornece orientações valiosas para que as empresas possam estruturar a terceirização de forma lícita, minimizando riscos. Algumas práticas recomendadas incluem:

 

Embora ainda não haja uma consolidação plena da jurisprudência quanto ao tema da terceirização, a decisão do STJ representa um avanço significativo, permitindo que as empresas implementem práticas mais seguras em compliance e governança. A aplicação correta desses critérios pode evitar autuações fiscais e riscos trabalhistas.

 

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